O que é Semiótica?
Neste post, vamos começar a compreender qual é o significado da semiótica e quais são seus campos de estudo.
É sempre importante frisar que nenhuma prática foge a uma base teórica. Ou seja, quanto mais você conseguir dominar a teoria, melhor serão suas experiências práticas. E isso vale para toda e qualquer área de conhecimento.
Mas vamos ao que interessa?
O significado da semiótica pode ser definido como a ciência que estuda os signos e os sistemas de significação. E se partirmos da compreensão etimológica, a semiótica é uma palavra de origem grega derivada de semeion (signo). E a semeiotiké seria, então, definida como "a arte dos sinais".
Esse estudo tem como objetivo desvendar o campo dos significados das coisas. Dessa forma, a semiótica busca tratar sobre o universo dos signos que nos rodeiam e atribuímos significados a eles na nossa incessante busca sobre como interpretar a vida.
Este é um campo de estudos que faz parte da filosofia, embora tenha uma origem científica datada no século XX. E um dos mais importantes autores da semiótica é Charles Sanders Peirce (1839-1914), um norteamericano, graduado em Química, pela Harvard.
Sua teoria sobre o estudo da semiótica foi classificada como "gramática especulativa", pois partia de uma compreensão da tríade: Seigno (ou representante), Objeto e Interpretante.
Antes de prosseguirmos, vale ressaltar que a semiótica é uma ciência que tem o objetivo de compreender como o ser humano consegue interpretar as coisas que estão ao seu redor. E para isso, Peirce, nos possibilitou tais entendimentos através de sua teoria, da seguinte forma:
Signo
O signo pode ser definido como tudo aquilo que é percebido aos nossos 5 sentidos, que inclui a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. E o signo nos faz lembrar de algo ou de alguma coisa. Pois quando vemos uma simples maçã, por exemplo, isso nos remete a diversas lembranças de acordo com a visão de mundo de cada um de nós, seja a Apple, Adão e Eva, maçã do amor ou aquilo que vier a sua mente neste exato momento.
Objeto
Interpretante
As teorias de Peirce são repletas de tríades. Então, prepare-se que lá vem mais uma aí pela frente. Segundo Peirce, as pessoas compreendem o contexto, por meio da seguinte tríade: Primeiridade, Fecundidade e Terceiridade, que são consideradas as categorias do signo.
Primeiridade
A primeiridade é a nossa percepção, em primeiro momento, que passa pelo campo da interpretação sensível. É quando você dá aquela medida de cima pra baixo numa pessoa, coisa ou objeto, e sua mente faz uma interpretação "relâmpago" que pode ser positiva ou negativa.
Secundidade
Terceiridade
Essa tríade provoca o nosso intelecto a elaborar formas que unam as duas primeiras partes à terceira, permitindo, assim, relacionar o signo ao contexto que ele realmente representa.
Pense por exemplo, numa exposição de quadros, onde as pessoas levam tempo para analisarem e se conectarem com as mensagens das obras, sejam elas explícitas ou abstratas.
Mas como já sabermos, Perice não pára por aqui. E nem suas tríades.
Isso mesmo. Ele diz que o signo pode ser um ícone, um índice ou um símbolo.
Bora lá?
Ícone
O ícone é um signo que, por semelhança, nos faz lembrar o objeto como, por exemplo, um signo icônico que mantém a semelhança com o objeto real que ele representa.
Índice
Símbolo
Ícone | Signo | Relação de semelhança | Referente |
Índice | Signo | Relação direta | Referente |
Símbolo | Signo | Relação convencional | Referente |
A nossa próxima tríade de Peirce, nos apresenta as características do interpretante, que vale frisar que diz respeito às possibilidades de interpretações do signo, sem representar o sujeito que o interpreta. Ou seja, interpretante é diferente de intérprete, ok?
Rema
Rema é um termo que pode ser compreendido como qualquer espécie de objeto ou como qualquer possibilidade que um signo possa ter.
Dicente
Argumento
Veja o exemplo ao lado, da foto com a frase: Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa.
Rema | Cidade (qualquer cidade) |
Dicente | A cidade do Rio de Janeiro (especificamente) |
Argumento | "Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa" |
Neste momento da leitura deste posta você já esteja se perguntando: "eita, como saber o que é um signo?".
Talvez você nem acredite, mas Peirce criou mais uma tríade para nos apresentar as qualidades formais de um signo.
Quali-signo
Quali-signo diz respeito a qualidade do signo. Ou seja, as características que geram identidade ao signo, que são menos particulares como, por exemplo, linhas, cores, formas, texturas etc. A cor azul pode ser considerada um quali-signo, afinal, o azul é a qualidade de uma cor.
O azul também pode ser identificado na categoria de primeiridade, pois podemos olhar o azul e pensar no mar ou no céu, mesmo que a cor azul não chegue a ser nem o mar ou o céu. O quali-signo também é identificado como um pré-signo, pois quando ele atinge a qualidade de "ser", torna-se, então, um sin-signo.
Sin-signo
Legi-sign
Categoria do Signo | Signo em si | Objeto | Interpretante |
Primeiridade | Quali-signo | Ícone | Rema |
Secundidade | Sin-signo | Índice | Dicente |
Terceiridade | Legi-signo | Símbolo | Argumento |
A semiótica é complexa por conta da complexidade dos nossos sistemas de linguagem
Mas ainda temos a última tríade de Peirce, onde ele trata dos signos icônicos.
Aguenta mais um pouquinho que vai valer a pena. Estamos quase lá...
Imagem
A representação na categoria imagem se mantém na leitura baseada na semelhança a partir de uma aparência, porque uma foto, um desenho ou pintura nos mostram qualidades formais.
Diagrama
Metáfora
Para encerrarmos com chave de ouro, compartilho aqui as 10 Tricotomias de Peirce, que são:
10 Tricotomias de Peirce
Relação de Reprensentámen | Relação de Objeto | Relação de Interpretante |
Possibilidade | Possibilidade | Possibilidade |
Existência | Possibilidade | Possibilidade |
Existência | Existência | Possibilidade |
Lei | Existência | Existência |
Lei | Possibilidade | Possibilidade |
Lei | Existência | Possibilidade |
Lei | Existência | Existência |
Lei | Lei | Possibilidade |
Lei | Lei | Existência |
Lei | Lei | Existência |
Se você chegou até aqui, pa-ra-béns!
Inscreva-se agora no blog e compartilhe seus insights de como aplicar a semiótica em suas peças e trabalhos.
댓글