O que é Panpsiquismo?
- Guga Gonçalves
- 1 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
Essa semana vi alguns takes de uma entrevista, muito interessante, do Pedro Bial com o Marcelo Gleiser, onde levantou-se o termo "panpsiquismo". Muita gente achou algo super inovador. E talvez sim. Mas por isso, resolvi escrever este post explicando um pouco sobre o significado do panpsiquismo.

O panpsiquismo é uma das mais antigas concepções filosóficas da consciência: é a ideia de que toda matéria possui algum grau de experiência ou consciência rudimentar. Seu embrião pode ser encontrado nos pré-socráticos como Tales de Mileto, que dizia que “tudo está cheio de deuses”, sugerindo uma alma viva na própria substância da realidade. E Platão, no diálogo, Timeu, propôs que o cosmos é uma entidade viva, dotada de alma e razão, moldada por um Demiurgo a partir de proporções harmônicas. Essa “alma do mundo” não está fora da matéria, mas permeia toda a existência. E séculos depois, pensadores como Leibniz, Schopenhauer e, no século XX, Alfred North Whitehead, retomariam essa visão, propondo que a consciência não emerge da matéria, mas é um aspecto intrínseco a ela. Na ciência moderna, a física quântica e a teoria das cordas revelam um substrato ainda mais surpreendente, como as partículas não são blocos sólidos, mas campos oscilantes de energia, cuja existência só se define plenamente quando observadas. Ou seja, tudo vibra. Tudo pulsa.
A matéria, em sua essência, é vibração organizada.
Desde minha adolescência, reflito muito sobre as frequências, sobre o que se ouve, se vê, se sente, mas não se vê. Isso memso. Palavras como “Deus está em todo lugar” ou “Deus sabe de tudo” me pareciam menos metáforas religiosas e mais pistas sobre uma presença vibracional universal, e uma inteligência invisível que se comunica por ondas, sejam de som, luz, pensamento ou sensação.
Com o tempo, percebi que tudo que existe tem frequência: o som de uma voz, a cor de um olhar, a textura de um ambiente ou a memória de um toque. É como se estivéssemos imersos em uma mixagem constante, repleta de emoções, campos, estímulos e frequências sutis.
Quando estou mixando uma música, percebo o quanto isso reflete a própria vida. Pois cada som tem seu espaço, sua altura e sua função. Alguns precisam brilhar enquanto outros recuar. Se todos quiserem aparecer ao mesmo tempo, o som vira ruído. E se ninguém se manifesta, o que sobra é vazio. Assim também são as relações humanas.

Cada pessoa emite uma frequência. Às vezes ressoamos em sintonia, qua nos promove a harmonia. Outras vezes, há interferência destrutiva, onde uma frequência anula a outra, gerando atrito, cansaço ou um silêncio denso. Já vivi conversas que pareciam graves distorcidos, e presenças que soavam como delays mal ajustados. Já experimentei silêncios mais ensurdecedores que qualquer grito.
E o que a Física nos Explica de Tudo Isso?
Na acústica, esse fenômeno se explica como ondas sonoras (Hz) que podem se somar ou anular, por conta de uma possível interferência. Já na luz, as cores que enxergamos são simplesmente frequências eletromagnéticas percebidas pelo olho humano. E no cérebro, nossos pensamentos se organizam em ondas cerebrais (Delta, Theta, Alpha, Beta, Gamma) — cada uma associada a estados mentais específicos.
E a Terra também vibra! Sim. A Ressonância Schumann, medida em 7.83 Hz, é considerada a “frequência cardíaca do planeta”. O que constata que nosso universo é pura vibração.
Sabe quando temos algumas visões, lembranças ou intuições?
Isso é normal. Às vezes, também sinto presenças. Não sei dizer ao certo se são memórias, frequências ressoando de outras dimensões, ou apenas meu sistema nervoso captando o que meus olhos não conseguem enxergar. Mas sei que essas sensações existem. Já entrei em espaços aparentemente vazios que pareciam cheios. Já ouvi vozes em músicas que não estavam ali. Já chorei com sons que não falavam comigo, mas me compreendiam.
E numa produção musical, chamamos isso de frequência fantasma, que é aquele som que, tecnicamente, não está presente... mas que o ouvido humano insiste em perceber. Será que o mesmo acontece com nossas lembranças, com nossas dores, com as pessoas que amamos e que se foram?
A espiritualidade muitas vezes chama de “espírito” aquilo que não é visível, mas é sentido. Já a física chama de campos. A música, de harmônicos. A neurociência, de cognição inconsciente.
O nome muda, mas a essência vibra.
A lei da atração, o poder da oração, a materialização pelo pensamento... todos esses fenômenos podem ser entendidos como interações entre campos vibracionais conscientes. O que desejamos com intensidade, o que repetimos em pensamento, o que sentimos no corpo, cria uma assinatura de frequência. Isso, talvez, seja o que chamamos de “realidade”.
Hoje, vejo o mundo como uma grande orquestra cósmica, onde cada átomo, cada pensamento e cada presença ressoam como notas em diferentes oitavas. A mixagem da vida — entre o que ouvimos e o que calamos, entre o que vemos e o que intuimos — é o que define nossa experiência como um todo.
A matéria não é separada da mente. A consciência não nasce da carne. Tudo está em tudo. Tudo vibra. Tudo sente.
E talvez, como diziam os antigos, tudo esteja vivo porque tudo está em movimento. Simples assim.
Commentaires